Japão News (Painel do Paim) - N. 354 da série de 599 Blogs do Professor Paim

segunda-feira, 29 de fevereiro de 2016

Promotoria acusa 3 ex-diretores de Fukushima por negligência

A Promotoria do Japão acusou nesta segunda-feira (29) três ex-diretores da operadora da central de Fukushima por não terem tomado as medidas necessárias para evitar o desastre nuclear de 2011, informou a emissora pública "NHK". É o primeiro processo penal contra responsáveis pela usina.
Os três ex-diretores da Tokyo Electric Power (Tepco) processados por negligência na crise originada pelo terremoto e tsunami de 11 de março de 2011 são Tsunehisa Katsumata, presidente da companhia no momento do acidente, que tem hoje 75 anos, e os ex-vice-presidentes Sakae Muto, de 65, e Ichiro Takekuro, de 69.
A acusação considera que o acidente em Fukushima, cujos reatores sofreram fusões parciais após perder o sistema de refrigeração, expôs aqueles que vivem ao redor a emissões muito radioativas.
Além disso, os diretores são responsabilizados pelo fato de 13 pessoas, incluindo trabalhadores da usina e membros das forças armadas, terem ficado feridas após o acidente - e que 44 morreram após serem retiradas de um hospital onde estavam internadas.
A operadora de Fukushima reconheceu a acusação de seus três ex-diretores, mas decidiu não se pronunciar. A Tepco, no entanto, pediu desculpas "pela moléstia e pela preocupação causada aos moradores de Fukushima e ao resto da sociedade pelo acidente nuclear".
Os três acusados não foram detidos, e espera-se que eles se declarem inocentes, segundo fontes citadas pela agência "Kyodo". Essas mesmas fontes acreditam que o julgamento deve acontecer no fim de ano, pois levará algum tempo para recolher todas as provas necessárias.
Revisão
A decisão da Promotoria acontece depois que um grupo de atingidos apresentou uma primeira denúncia em 2012, contra um total de 42 autoridades e responsáveis da usina que continuaram operando Fukushima.
Em um primeiro momento, a Promotoria do distrito de Tóquio havia decidido, em setembro de 2013, desprezar o processo e não apresentar acusações, por considerar que era muito difícil prever a escala do tsunami que atingiu a usina.
Os litigantes solicitaram, no entanto, uma análise mais exaustiva e recorreram a um comitê de investigação judicial, um órgão raramente usado no Japão e formado por cidadãos, que em julho passado lhes deu a razão e passou de novo o caso à Promotoria.
As emissões e vazamentos de água contaminada produto do acidente, o pior desde o de Chernobyl (Ucrânia) em 1986, ainda mantêm deslocadas milhares de pessoas que viviam perto da usina, e causaram danos milionários à agricultura, à pecuária, à pesca e a outros muitos setores da economia local.

segunda-feira, 15 de fevereiro de 2016

PIB do Japão encolhe mais que o esperado em 2015

A economia do Japão encolheu mais que o esperado no último trimestre do ano passado, com a queda nos gastos dos consumidores e nas exportações, levando o Produto Interno Bruto (PIB) da terceira maior economia do mundo ao terceiro trimestre consecutivo de queda.

O PIB contraiu 1,4% entre outubro e dezembro, queda maior que a previsão do mercado (que era de 1,2%), agravando a recessão da economia asiática.
A economia nipônica já havia recuado 0,8% no terceiro trimestre, frente ao mesmo período de 2014, e 0,7% no segundo.
Os dados ressaltam os desafios que o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, continuará enfrentando para fazer o país voltar a crescer, já que as exportações para os mercados emergentes não conseguem ganhar impulso suficiente que compensem a fraca demanda doméstica.
"O consumo privado está especialmente fraco. A economia está em um impasse", disse Junko Nishioka, economista-chefe da Sumitomo Mitsui Banking.
               
"É uma questão de tempo antes que o BOJ [Bank Of Japan] e o governo vai tomar medidas adicionais de estímulo", afirmou e executiva, prevendo que o Banco Central do país vai aliviar a política novamente já no próximo mês.
Com suas políticas de estímulo à economia, que deram a grandes fabricantes lucros excepcionais, Abe tinha a esperança de gerar um ciclo positivo no qual as empresas aumentassem os salários dos funcionários, o que ajudaria a aumentar as despesas das famílias.
Pelo contrário, os dados mostraram que o consumo privado, que representa 60% do PIB japonês, caiu 0,8% - resultado pior que as previsões do mercado, de um declínio de 0,6%.
Esperança
O ministro da Economia, Nobuteru Ishihara, disse a repórteres após a divulgação dos dados que a economia sairá para uma recuperação moderada porque seus fundamentos continuam fortes.
Oferecendo alguma luz no fim do túnel, as despesas de capital subiram 1,4%, contrariando totalmente as expectativas do mercado - que previam um decréscimo de 0,2% do indicador.
               
Mas analistas duvidam que a economia vá ganhar impulso nos próximos meses, com a recente turbulência de mercado e a desaceleração do crescimento na vizinha China, que nubla as perspectivas das empresas e seus respectivos lucros corporativos.
As exportações caíram 0,9% no último trimestre, depois de subir 2,6% no trimestre anterior, indicador que mostra como as empresas já estão sentindo uma demanda mais suave do mercado emergente.
A demanda doméstica tirou 0,5 ponto percentual do crescimento do PIB, enquanto a demanda externa adicionou apenas 0,1 ponto percentual.
Taxa de juros
No mês passado, o BOJ reduziu a taxa básica de juros abaixo de zero, surpreendendo investidores com outro movimento ousado para estimular a economia e superar a deflação.
               
Mas o movimento não foi capaz de impulsionar os preços das ações da Bolsa de Tóquio ou enfraquecer o iene com os mercados japoneses permanecendo à mercê de uma venda de ações global, reforçando a visão entre os investidores de que o Banco Central japonês está ficando sem opções de políticas que estimulem a economia.